quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A mudança que não virá na CBF

fonte : Site Erich Beting

Ok, Ricardo Teixeira poderá em breve sair do comando do futebol brasileiro. Mas será que de fato teremos uma mudança de mentalidade e de gerenciamento do esporte mais popular do país a partir disso?

A simbologia da queda de Teixeira, justamente naquele momento em que ele viveria o seu apogeu como presidente eterno da CBF, nada mais é do que isso, um mero símbolo. E isso não é um privilégio do Brasil ou do futebol em particular.

A forma como o esporte se estruturou em todo o mundo, à exceção dos Estados Unidos, faz com que mudam-se as figuras mas raramente alterna-se a maneira de gerenciar as principais entidades e clubes esportivos no mundo todo.

É só lembrar a farra que é o entra-e-não-sai das confederações esportivas no país e no mundo.

Na Federação Internacional de Vôlei, após quase três décadas terá troca no poder. No COI, após a dinastia Samaranch, já são dez anos com Jacques Rogge na presidência. Na Iaaf, do atletismo, desde 1999 o senegalês Lamine Diack comanda a entidade. Da mesma forma outros presidentes perpetuam-se no poder e pouco muda no gerenciamento do esporte em cada uma dessas entidades.

O feudo em que se transformou a CBF é difícil de, uma hora para a outra, ser reestruturado. Ainda mais com a organização de uma Copa do Mundo a caminho como é agora. Como disse o mestre Juca Kfouri em sua coluna na “Folha de São Paulo” outro dia, talvez fosse a hora perfeita de os clubes assumirem os controles.

E realmente talvez seja isso o que torna tão intrigante a forma como o esporte nos Estados Unidos é desenvolvido de forma profissional. Não existe concepção de que haja uma entidade que esteja acima dos atletas e dos clubes/universidades. Tudo é formatado colocando o atleta como o grande fazedor do espetáculo. Mesmo os times contam e produzem toda a história sobre os seus atletas (é só ver o que fez agora a NBA com o chino-americano Jeremy Lin, sensação-relâmpago do New York Knicks).

Mas nem isso é possível. Pelo menos não com os gestores que existem nos clubes de futebol do Brasil na atualidade. A crise na CBF é boa para mostrar que as dinastias sempre acabam, mais dia ou menos dia. Mas, do jeito que as coisas estão, nada, ou quase nada, deve mudar.

É um triste relato da falta de profissionalização do esporte. E não só no Brasil.

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