Nos anos 70, mais precisamente em 1977, a então recém-criada torcida Raça Rubro-Negra adotava o slogan "A que torce de pé". Quando os torcedores posicionados atrás dos integrantes daquele grupo e suas camisas vermelhas pediam "Senta! Senta", eles respondiam em coro: "Éééé. A nossa Raça só assite o jogo em pé". Pegou.
Ganhou o país esta forma de acompanhar os jogos, mesmo nas arquibancadas, onde era possível sentar nos degraus de cimento, ou madeira nas canchas mais modestas. Facções organizadas não só do Flamengo como de outros clubes, aderiram, pouco a pouco, a essa maneira de comportar, saltando e cantando, participando ainda mais.
Na Argentina já era assim desde os primórdios. Os hermanos não só pulam o tempo todo como cobram de quem está por perto: "Tiene que saltar". Na Inglaterra também era desse jeito, até a reformulação nos estádios no começo dos anos 1990. Para combater a violência, o hooliganismo, as autoridades mexeram até onde não era preciso.
Sempre foi uma tradição torcer de pé, uma maneira de acompanhar e apoiar o time no futebol. Na Alemanha os frequentadores de estádios resistem aos ataques do "futebol moderno" e suas mudanças. Lá, as arenas mantêm lugares atrás dos gols para quem não quer ver o jogo sentadinho na poltrona, como se o esporte bretão fosse peça de teatro.
Segundo o jornal português "Público", em Gelsenkirchen, onde joga o Schalke 04, cabem 16.307 fanáticos de pé. Perto dali, na casa do rival Borussia Dortmund, o Westfalenstadion apresenta sua famosa Südtribüne (vídeos abaixo), onde 24.454 ficam de pernas esticadas durante os 90 minutos. Mas nos jogos da Uefa, a caretice proíbe pessoal de pé e cadeiras são instaladas ali.
Os ingleses não têm locais para torcedores de pé há quase duas décadas, desde a tragédia de Hillsborough, na qual morreram 96 fãs do Liverpool que desejavam ver a semi-final da Copa da Inglaterra contra o Nottingham Forest. Mas a The Football Supporter's Federation, a Federação dos Torcedores, quer levar ao Parlamento uma proposta pela volta às orgiens, informa o "Público"
Don Foster é o deputado liberal-democrata que está apoiando tal iniciativa para que criem áreas nas quais o povo possa ver a bola rolando e torcer em pé. E com segurança! Sem superlotação, como no passado. Nove em cada dez torcedores são favoráveis, afirmam estudos apresentados pela associação, cujo diretor executivo, Malcolm Clarke, cita o exemplo alemão.
Nas minhas duas viagens à Inglaterra, em 2009 e 2010, pude constatar que apesar da existência de assentos para todos os que compram ingressos, muita gente fica posicionada de pé, inclusive em Old Trafford. No estádio do Manchester United há 76.212 deles, mas alguns milhares de fãs dos Red Devils passam os 90 minutos de pé, atrás do gol à direita, por exemplo.
Não é diferente em Anfield. Na mítica arquibancada The Kop, onde cabiam 30 mil pessoas de pé e hoje há lugares para 12.400 sentados, muitos mal usam as cadeiras durantes os jogos do Liverpool. Veja nos vídeos abaixo como ficava o setor mais popular e animado da torcida dos Reds nos anos 1960, 1970 e 1980. Sensacional.
por Mauro Cezar Pereira
Ganhou o país esta forma de acompanhar os jogos, mesmo nas arquibancadas, onde era possível sentar nos degraus de cimento, ou madeira nas canchas mais modestas. Facções organizadas não só do Flamengo como de outros clubes, aderiram, pouco a pouco, a essa maneira de comportar, saltando e cantando, participando ainda mais.
Na Argentina já era assim desde os primórdios. Os hermanos não só pulam o tempo todo como cobram de quem está por perto: "Tiene que saltar". Na Inglaterra também era desse jeito, até a reformulação nos estádios no começo dos anos 1990. Para combater a violência, o hooliganismo, as autoridades mexeram até onde não era preciso.
Sempre foi uma tradição torcer de pé, uma maneira de acompanhar e apoiar o time no futebol. Na Alemanha os frequentadores de estádios resistem aos ataques do "futebol moderno" e suas mudanças. Lá, as arenas mantêm lugares atrás dos gols para quem não quer ver o jogo sentadinho na poltrona, como se o esporte bretão fosse peça de teatro.
Segundo o jornal português "Público", em Gelsenkirchen, onde joga o Schalke 04, cabem 16.307 fanáticos de pé. Perto dali, na casa do rival Borussia Dortmund, o Westfalenstadion apresenta sua famosa Südtribüne (vídeos abaixo), onde 24.454 ficam de pernas esticadas durante os 90 minutos. Mas nos jogos da Uefa, a caretice proíbe pessoal de pé e cadeiras são instaladas ali.
Os ingleses não têm locais para torcedores de pé há quase duas décadas, desde a tragédia de Hillsborough, na qual morreram 96 fãs do Liverpool que desejavam ver a semi-final da Copa da Inglaterra contra o Nottingham Forest. Mas a The Football Supporter's Federation, a Federação dos Torcedores, quer levar ao Parlamento uma proposta pela volta às orgiens, informa o "Público"
Don Foster é o deputado liberal-democrata que está apoiando tal iniciativa para que criem áreas nas quais o povo possa ver a bola rolando e torcer em pé. E com segurança! Sem superlotação, como no passado. Nove em cada dez torcedores são favoráveis, afirmam estudos apresentados pela associação, cujo diretor executivo, Malcolm Clarke, cita o exemplo alemão.
Nas minhas duas viagens à Inglaterra, em 2009 e 2010, pude constatar que apesar da existência de assentos para todos os que compram ingressos, muita gente fica posicionada de pé, inclusive em Old Trafford. No estádio do Manchester United há 76.212 deles, mas alguns milhares de fãs dos Red Devils passam os 90 minutos de pé, atrás do gol à direita, por exemplo.
Não é diferente em Anfield. Na mítica arquibancada The Kop, onde cabiam 30 mil pessoas de pé e hoje há lugares para 12.400 sentados, muitos mal usam as cadeiras durantes os jogos do Liverpool. Veja nos vídeos abaixo como ficava o setor mais popular e animado da torcida dos Reds nos anos 1960, 1970 e 1980. Sensacional.
por Mauro Cezar Pereira
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