sábado, 14 de junho de 2008

[SER CORINTHIANO] escrito por um palmeirense

Ser Corinthiano!

Por RANDALL NETO, é advogado e, como se viu, é palmeirense. É maior e vacinado.

Eu já tive vontade de ser tanta coisa... mesmo depois daquela fase das perguntas "o que você quer ser quando crescer?", eu continuei querendo ser o que não era.

Dito assim, não parece bom, mas dentre as coisas que eu queria ser, nessa semana eu queria ser corinthiano.

Confesso que não é a primeira vez que esse sentimento me assalta os confins da alma, lembro de ter sentido algo semelhante nos tempos da Democracia, quando jogava de camisa pra fora do calção e me dizia Casagrande;

naquele carrinho milagroso do Viola no Brinco de Ouro em 88;

no gol solitário do limitado Tupãzinho matando o São Paulo clássico do "mestre" Telê;

nas deslizadas de joelho do gorducho Neto a cada gol retirado a fórceps, conduzindo o time como um Leônidas nada espartano, ou quando o Dida pegou aqueles dois pênaltis do Raí como se brincasse de uni-duni-tê!

Ano passado eu não quis ser Corinthiano, mas queria estar no meio da Fiel quando o Hino Informal do Corinthians foi composto, o arrepiante "Aqui tem um bando de lôco!".

Deve ser muito bom torcer pro Corinthians!

Os meus colegas de trabalho saíram nas 18 horas cravadas do relógio de ponto na véspera do feriado do dia do trabalho pra ver um combalido e desacreditado Corinthians "série b" tentar reverter uma desvantagem sobre o Goiás, um conhecido e frequente algoz.

O time podia não ser lá essas coisas, mas a torcida confiava que poderia fazer a sua parte, e ainda no primeiro tempo estalava um 4 x 0 no placar.

Depois dessa rodada, com o meu Palmeiras eliminado, vaticinei que pintava em preto e branco o Tri Campeão da Copa do Brasil!

Meus amigos continuaram indo, mesmo ritual, mesma confiança, primeiro o São Caetano, depois o Botafogo, presença garantida no Morumbi lotado, e uma fé que eu, recém campeão paulista, não conseguia entender de onde vinha.

Exatamente por não ser Corinthiano!

E não sendo, vi uma movimentação entre os caras e descobri que não era pra combinar a logística do primeira partida no Morumbi, e sim, confirmando presença num pacote pra ver a segunda partida no Recife!

Abri um sorriso de felicidade vicária e falei:

"Só corinthiano mesmo!".

Foi corrigido a tempo: "Isso aqui é pra qualquer um, mano! Corinthiano mesmo iria mesmo se tivesse perdido o primeiro jogo!".

E lá vão meus "broders" pra Veneza Brasileira, a Pasárgada cantada pelo filho da terra, jogar na "Ilha de Lost", como diz o Xico Sá!

Um contingente menor do que aquele que invadiu o Maracanã pra parar a Máquina Tricolor em 76, mesmo Maracanã que viu o único campeão Mundial da "era moderna" que não precisou ir pro Japão, ganhou em casa, no outrora batizado "Recreio dos Bandeirantes", em pleno verão carioca!

Salve o Corinthians, pois graças a ele, o meu Palmeiras consegue seguir tão grande quanto o Grande Rival!

Nenhum comentário: