quarta-feira, 17 de junho de 2009

Amigos e Amigas do MST da região de Ribeirão Preto

Ribeirão Preto, 13 de junho de 2009.

No último dia 11, na madrugada, reocupamos pela quarta vez, em um ano, as terras da Usina Nova União – Fazenda Martinópolis, em Serrana, na região de Ribeirão Preto. A Fazenda é toda plantada com cana, e está arrendada para outra usina da região.
Corre um processo na Justiça por parte do Governo do Estado, para arrecadação da mesma por dívidas de ICMS. Segundo o procurador do estado em Ribeirão Preto – Dr. Paulo Neme, as terras e a usina, com tudo o que tem dentro (incluindo obras de arte), não pagam a dívida com o Estado.

A ocupação foi feita por cerca de 80 membros do MST. A maioria faz parte do Acampamento Alexandra Kollontai, que é fruto de um trabalho de base permanente realizado nas cidades de Serrana, Serra Azul e Cajuru. A demora e a falta de prioridade do Governo para a Reforma Agrária, causam uma desmobilização no número de famílias nos acampamentos.

Violência e criminalização

Desde o período da primeira ocupação, começou a funcionar na Fazenda e na Usina um esquema de segurança, que compreende: empresa de segurança privada, armada (a noite) e seguranças particulares (durante o dia), aparentemente desarmados. Os próprios seguranças afirmam que o esquema de segurança é chefiado por Paulo Junqueira, proprietário de outra Fazenda já ocupada na região em 2006, que é a Santa Maria. Paulo Junqueira foi premiado pela BUNGE em 2005, na modalidade produtividade. Existe um processo contra militantes do MST em curso sobre esse caso.
A imprensa tem sido pautada pela Usina que vende uma imagem violenta do MST, com acusação de que fizemos os seguranças reféns etc. Numa clara intenção de criminalização e isolamento da sociedade.
Logo pela manhã do último dia 11, dois carros com seguranças armados se aproximaram do acampamento, chamando para uma conversa “com o líder” e exibindo duas armas, identificadas como “765 cromada”. E no dia 12, por volta das 19h, um carro se aproximou novamente do acampamento e disparou um tiro. E depois disso, fizeram mais algumas “visitas” mostrando as armas, causando um clima de medo entre as famílias, com a intenção de que desistam da luta.
Essa situação traz uma possibilidade de desgastarmos ainda mais a imagem do agronegócio, que em sua dita capital, usa de métodos da pistolagem e evitar que a violência avance.

Necessidade de apoio político dos amigos e amigas do MST e solidariedade às famílias acampadas.

Estamos organizando uma atividade para o próximo sábado (dia 20/06/2009). A princípio em caráter de almoço, nos esforçando pra trazer aliados locais. Estamos fazendo os contatos, e caso haja adesão, isso pode crescer para um ato. A idéia é nos reunirmos por volta das 11h30 no próprio Acampamento. Caso haja dificuldade de ir até lá, podemos organizar um esquema de caronas ou irmos em comboio pra ninguém se perder no canavial.
Sabemos da enorme dificuldade de articulação da esquerda e dos setores populares, mas é fundamental nos organizarmos para esta e outras lutas. Caso alguém já tenha compromisso nesta data, seria importante se esforçar para fazer uma visita em outra data e também enviar mensagens de apoio que podem ser lidas durante a atividade do dia 20/06. POR FAVOR, DEÊM UM RETORNO SOBRE A PARTICIPAÇÃO PARA NOS ORGANIZARMOS!
Há uma grande possibilidade de sofrermos uma reintegração de posse, antes desta data, mas garantiremos a atividade.
Outra questão, é que está fazendo muito frio. Portanto uma arrecadação de agasalhos e cobertores, bem como alimentos, será muito bem vinda.

Histórico do Acampamento Alexandra Kollontai: no mês de abril, o MST realizou em nível nacional sua Jornada de Lutas. No estado de São Paulo, foram mobilizadas cerca de 1000 famílias, e na região de Ribeirão Preto, ocorreu a mobilização na Procuradoria do Estado e na Prefeitura de Ribeirão Pretoo. No 1° de Maio, reocupamos a Fazenda Martinópolis, no município de Serrana e após 25 dias, sofremos uma reintegração de posse e saímos da área.

Temos a certeza que nossa insistência e apoio da sociedade são fundamentais para a conquista desta área. O acampamento Alexandra Kolontai completou no dia 22 de maio, uma ano de luta e persistência. A primeira ocupação foi na antiga Fazenda Bocaina, no município de Serra Azul. Neste período de um ano, esta comunidade já enfrentou 5 mudanças na luta pela tão sonhada Reforma Agrária. Somente na Fazenda Martinópolis, essa já é a 4ª ocupação.

A Fazenda foi arrematada pelo Governo do Estado por adjudicação fiscal durante o período de 1991 a 2002 e não foi destinada para a Reforma Agrária, conforme o processo 7863/86 que se encontra na 1° Vara da Fazenda Pública da Comarca de Ribeirão Preto. Portanto a área esteve nas mãos do Governo do Estado como parte do pagamento de dívidas, que não executou nenhum projeto para o benefício da população e até hoje esta dívida com o povo brasileiro não foi paga.

Local do Acampamento: Rodovia Abraão Assed, acesso pelo Km 31, à esquerda (sentido Cajuru), atrás do Assentamento Sepé Tiarajú, municípios de Serrana e Serra Azul – SP.

Direção Regional do MST

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